outubro 11, 2008

A tanga e a sunga

Como simpatizante do Gabeira, tenho comentado alguns fatos de sua trajetória, uns muito sérios e outros nem tanto. Ontem à noite, me referia ao momento do seu retorno ao Brasil e às praias cariocas quando, sem intenção, lançou moda ao se exibir vestindo a reduzida (hoje famosa) tanga. O modelito de crochê, na época, foi copiado pelo resto do país, virou o símbolo do verão carioca, marcado pela anistia e o festivo retorno dos exilados e que teve no Gabeira a sua "musa". A reação dos adversários à sua aparição atual (não de tanga, mas de sunga) demonstra a força da antiga imagem, ora revisitada. O verão de 2009 poderá ser o do novo retorno do Gabeira, agora como Prefeito. É o que de melhor se pode desejar para o Rio.
Agora pela manhã, me deparo na FSP com a deliciosa crônica do Ruy Castro falando do frisson que causou a tanga do Gabeira, ainda que para isto tenha se valido da comparação com aquele que preferia cheiro de cavalo ao de gente e que saiu para a história, literalmente, pela porta dos fundos.

"A tanga e a sunga
RIO DE JANEIRO - Em 1979, já presidente da República, o general João Figueiredo deixou-se fotografar de sunga e busto nu na Granja do Torto, exibindo um vigor físico invejável para um homem de 61 anos. E mais ainda por estar de tênis e meias, o que parecia realçar seus tendões, músculos e veias.
A foto era assustadora, não apenas por mostrar um presidente em trajes tão exíguos, mas por Figueiredo ser como era, brabo e meio grosso. Montava a cavalo pela manhã, varava de moto, sozinho, as ruas de Brasília durante a madrugada, e ameaçava prender e arrebentar quem se opusesse à abertura política que ele prometera.
Apesar disso, nunca ouvi nenhuma mulher suspirar ao vê-lo de sunga na tal foto. Ao contrário, havia algo de cafona e démodé naquela macheza explícita, pelo que diziam. Menos de um ano depois, em 1980, outra personalidade política brasileira -o ex-jornalista Fernando Gabeira, 39 anos, recém-chegado de quase dez anos de exílio- também se deixava fotografar, na praia de Ipanema, num traje sumário. Na verdade, mais sumário ainda: a tanga de sua prima Leda Nagle.
Em matéria de apuro físico, Gabeira não era páreo para o sarado Figueiredo. Magro por natureza, o exílio só enfatizara sua compleição frágil, quase esquelética, que aquele ridículo cache-sex expunha ao sol. Com tudo isso, as mulheres caíram em cima -Gabeira era um sucesso com elas, como sempre fora.
Na segunda-feira última, dia seguinte ao primeiro turno da eleição para a Prefeitura do Rio, Gabeira deixou-se fotografar de novo em trajes de banho, agora de sunga. Jornais e TVs despejaram ironias. Os adversários riram de orelha a orelha e analistas viram naquilo um golpe mortal em suas aspirações para o segundo turno. Dois dias depois, em nova pesquisa, Gabeira ultrapassou o favorito Eduardo Paes."

RUY CASTRO

Um comentário:

Anônimo disse...

Fico feliz em saber que você está na onda "PRÓ-RIO DE JANEIRO".Esta cidade precisa voltar a ser "MARAVILHOSA".
Beijão de todos os cariocas.

Ricardo & Cia