setembro 20, 2008

LUXEMBURGO

À medida que se vai envelhecendo, determinadas coisas passam a ser mais complicadas. Uma delas é o tamanho da bagagem. A partir de uma certa idade, uma nécessaire já não basta e, ao longo do tempo, elas vão aumentando de tamanho. Passamos a necessitar de remédios de uso contínuo, fora os de uso eventual. No item óculos, então é um horror: para perto, para sol, para noite e, quem depende deles, como eu, leva os sobressalentes,além da cópia da receita. E isso sem levar em conta higiene, maquiagem e cremes. Ainda que se transfira tudo para embalagens reduzidas. Não bastasse isto, tem o laptop e a parafernália dos acessórios (fones/cabos etc), a muda de roupa para o caso (não raro) de extravio da bagagem, sapatos assim, sapatos assado. Antes a gente levava um par. Nos pés.
Bons os velhos tempos em que, com reduzidíssima bagagem de mão e munidos de um eurailpass , a gente circulava pela Europa. Em alguns trajetos longos, em viagens noturnas, se economizava tempo e dinheiro.De chato tinha a constante troca de moeda e o controle nas fronteiras.Nem imaginávamos como seria com a Europa unida.
Foi nesses bons tempos, numa dessas, que agora vistas de longe parecem românticas aventuras, que passei um fim de semana em Luxemburgo. Pegamos o trem Paris/ Amsterdã. No trajeto ele passava por lá ou era possível uma conexão próxima, não lembro deste detalhe. Numa mudança repentina de planos, resolvemos desembarcar e fomos ficando naquela cidade linda e sossegada. O hotel estava situado na pracinha onde tem o coreto. Músicos de todas as idades e gêneros se apresentavam a intervalos regulares. Acabei por descobrir, pendurada numa coluna do coreto, a programação. Teve de tudo, desde bandinha de “grupo escolar”até interessantes grupos de jovens e de animados velhinhos. Passamos muito tempo naquela pracinha, onde ficavam os cafés e restaurantes, todos muito simpáticos e acolhedores. Visitamos tudo que havia para ser visto na cidade, acredito.O prédio moderno da filarmônica ainda não existia.
O registro curioso: na manhã de segunda feira, o único trem que nos levaria ao próximo destino, passaria entre 9 ou 10 horas (não sei precisar), estava quase na hora e não encontrávamos o dono/gerente, dublê de porteiro/garçom do Hotel/Café Paris, para fazer o check out.Não tínhamos sido cobrados na chegada. Foi um vexame até ele, muito tranquilamente, aparecer. Nunca cheguei numa estação tão em cima da hora.
Anos depois, passei apenas um dia lá, quando fiz uma "viagem panorâmica" para mostrar algumas cidades da Europa à minha filha. Parecia estar tudo do mesmo jeito...

2 comentários:

Anônimo disse...

Fizeste-me lembrar uma história que se passou comigo no Luxemburgo. Eu estava 'internado' fazia mais de dois anos na Europa, sem retornar ao Brasil, e tinha saudades grandes, por exemplo, umas certas nostalgias gastronômicas. Pois bem, uma ex-colega africana tinha ido trabalhar no Luxemburgo e, quando já estava bem instalada, fui passar uns dias com ela. Um dia, ela e o namorado me levaram a um lugar bem simples onde comi os camarões alho e óleo mais inesquecivelmente saborosos da minha via. Era uma bacia bem farta, com camarões grandes preparados com páprica, além dos ingredientes maiores. Logo vi que era um restaurante de portugueses. E tinha mesmo de ser, pois como que luxemburgueses, belgas ou alemães, p.ex., preparariam camarões com um paladar tão próximo do nosso? (Os camarões "sabiam" muito bem!) Foi ali que minha amiga me explicou da grande presença portuguesa no Luxemburgo já àquela época. Beijos.

Anônimo disse...

Maury Ricetti

Zélia, este é um lugar que gostaria de conhecer, embora totalmente improvável. Os países pequenos e respeitados sempre me atraem mais que os grandes e temidos