agosto 25, 2008

Da minha lista

Estava refletindo sobre o meu frequente retorno a certos lugares e cidades. Eu que sou tão curiosa, tão “novidadeira”, detesto rotina, tenho uma tendência a voltar aos mesmos lugares, a repetir os roteiros de viagens, como se algo tivesse ficado “pendente”. A mais grave manifestação deste comportamento, que dependendo do ponto de vista pode ser considerado esnobe ou conservador, é a minha relação com Paris. Nem sei por que volto. Será que volto por causa das coisas que a gente esquece até tornar a vê-las? Tenho uma lista, tola e sentimental (acredito que cada um tenha a sua), de motivos para voltar. Dela consta o item: pharmacies - pela seriedade (eu não disse que era tola?).
Até pouco tempo elas eram mais definidas com aquela cruz verde, não vendiam tantas tralhas e, absolutamente nenhuma, se auto denominava drugstore. Dentre as muitas vezes que estive em uma delas por problemas mais sérios, lembro de um vez que estava com minha filha, ainda criança, e precisava comprar um creme para o meu rosto que estava avermelhado. O vendedor transformou a compra numa detalhada “consulta” até que ficasse definido, se eu estava a “rougir” por causa do vento ou se o “rougir” era provocado pelo frio. Ou seria “rougir” de alergia? Finalmente, me vendeu algo de uma eau thermale, que nem remédio era, com a garantia de não mais “rougir”. Saí morrendo de rir da expressão intrigada de minha filha que nada tinha entendido do meu “rougido” que, de fato, desapareceu com o uso do produto.
Em outra circunstância, entrei para comprar um band aid. Chegara na véspera e, na primeira caminhada, o sapato confortável, que acreditava ser próprio para flanar , machucou o meu dedinho. O balconista muito sério me perguntou para o que era. Apontei para o meu pé. Ele saiu do balcão, fez com que eu me sentasse, tirasse o sapato, com a ternura de um fetichista obcecado por pés, examinou, limpou, levantou-se e me disse, gravemente: ”Madame, é uma bolha”! Ainda tenho alguns dos seus curativos especiais.
Mais recentemente, estava com um amigo que me pediu para comprar para ele preservativos e lubrificante. Dirigi-me ao balcão, enquanto ele ficou olhando qualquer coisa próximo à saída. O balconista me encaminhou para um colorido e diversificado painel e, muito sério, me perguntou qual o tipo de relação que teríamos. Pensei que não havia entendido e lhe pedi que repetisse. Ficou pior, pois além de esclarecer isto, eu deveria informa-lo se era P, M, G. Ele precisava dos detalhes: onde? quanto? para saber o que devia me vender. Tive que sair para resgatar o meu amigo. Ficou evidente que o meu problema não era com a língua e que eu não iria participar da festa!

Um comentário:

Anônimo disse...

UAU! Essa é demasi!
Abr
Lala