julho 31, 2008

HISTÓRIAS DE MULHERES

Histórias de mulheres é o novo livro da jornalista e escritora espanhola Rosa Montero que estou lendo, cercada de mordomias , enquanto convalesço de uma pequena cirurgia, na casa de minha amiga Veve.
Não se trata de mais um livro contando a vida de “mulheres extraordinárias”. O que tem de melhor é que suas vidas são contadas a partir da perspectiva de ruptura com os padrões de comportamento esperado da sociedade de seu tempo.
Rosa Montero traça perfis (não biografias), de mulheres que lutaram contra os preconceitos, fugiram dos padrões e reivindicaram a liberdade de assumir sua humanidade plena. Há mulheres perversas e terríveis, há as que naufragaram completamente e outras ambíguas e complexas, com feitos admiráveis e detalhes horrendos.
Na introdução (magnífica), intitulada A vida invisível, são analisados desde os primeiros mitos de nossa cultura, a criação do mundo, passando pela mitologia grega e a tradição judaica, demonstrando que as mulheres sempre foram cidadãs de segunda classe.
A partir da Revolução Francesa, passou-se a pensar que “ ou a igualdade era para todos os indivíduos, ou não era para ninguém”. Mas a guilhotina foi o destino de muitas dessas revolucionárias, como Olympes de Gouges, que ousou escrever a “Declaração dos direitos universais da mulher”. No século seguinte a mulher entrou na categoria de mistério científico ( a “medicalização do feminino”) quando passou a ser vista como anormal. Enquanto que a tragédia das mulheres no século XIX era a de viver vidas sem sentido, num ambiente social hostil ao feminino.
O livro sublinha que, por pior que fossem as condições externas, sempre houve mulheres capazes de escapar de “destinos tão estreitos quanto um túmulo”.
“Quero dizer que metade da humanidade, a parte feminina, viveu durante milênios uma existência freqüentemente clandestina e em grande parte esquecida, mas sempre muito mais rica do que o molde social a que estava presa, sempre acima dos preconceitos e dos estereótipos. Com este livro, enfim, eu só aspiro a lançar um breve olhar para essas trevas”
Leitura recomendável não só para mulheres.

Um comentário:

Anônimo disse...

Dei uma olhada no teu blog, e fiquei muito curioso pelo livro das mulheres. Tu acreditas que fui comprar o dito livro? Pois é. Quando a insônia bater, começarei a leitura dele. Deve ser muito legal e diferente, pelo menos com relação ao velho discurso feminista de sempre. Acho chatas pra caramba aquelas estórias de sexo frágil, de mulheres que todo mundo pode bater, enfim, de discursos que menosprezam a força das mulheres - não a física, porque esta a natureza deu ao homem, mas a força da doçura e da sensiblidade, que conseguem fazer com que muitas mulheres superem situações de menosprezo. Aliás, toda mulher, pra mim, é desdobrável! Se ficar em desvantagem, pode ficar certo que ou está super apaixonada ou escolheu conscientemente esse modo de viver. Bjos
Edson