Acabo de ler RAVELSTEIN .
O livro seria a “biografia” de Allan Bloom que se tornou celebridade mundial no fim dos anos 80, ao publicar O Declínio da Cultura Ocidental, um ataque virulento às universidades modernas e um lamento em favor das obras clássicas, que teriam sido trocadas por "prazeres mais acessíveis e menos substanciais "
Escrita por Saul Bellow (Prémio Nobel - 1976) seu amigo íntimo, não é, assumidamente, uma biografia. Foi publicada como “romance” e, conforme declaração do autor, é um “testemunho dos meus sentimentos em relação a Blomm”.
Na verdade, é uma homenagem sincera à amizade, sabedoria e amor, recheiada de ironia, muita ironia e, especialmente, inúmeras passagens dignas de registro:
"Com um grande sinal de Não Fumar atrás dele, Ravelstein acendia cigarros com a sua chama Dunhill enquanto perorava, dizendo ‘Se abandonarem a sala porque odeiam o tabaco mais do que amam as ideias, ninguém sentirá a vossa falta»;
«Uma razão pela qual a violência se tornou tão popular talvez seja porque ficamos fartos das grandes tiradas psicológicas e nos dê uma enorme satisfação ver as pessoas a voar pelos ares graças às armas automáticas, ou aos carros que explodem, ou a ser estrangulados e empalhados por taxidermistas. Estamos tão fartos de ter de pensar nos problemas de toda a gente, que uma destruição empolgante digna dos mais truculentos desenhos animados é pouco para os filhos da mãe.»
E ainda: “O legado de Ravelstein para mim era um tema - ele achou que estava me dando um tema , talvez o melhor que eu já tivera - talvez o único realmente importante . Mas o que este legado significava era que morreria antes de mim. Se eu fosse antes dele, ele certamente não escreveria a minha biografia . Qualquer coisa além de uma página para ser lida no velório teria sido impossível. No entanto, nós éramos muito amigos , os melhores possíveis . Nós estávamos rindo era da morte, e é claro que a morte aguça o senso de humor. Mas o fato de estarmos rindo juntos não significava que estávamos rindo pelas mesmas razões”.
“Não é fácil entregar à morte uma criatura como Ravelstein”. Ou, em outras palavras, é difícil reconhecer a nossa própria finitude.
Ao longo do livro o que se acompanha é uma profunda e comovente reflexão, desenvolvida através da troca de idéias entre eles sobre mortalidade, filosofia, história , amor e amizade.
Desperta interesse desde as primeiras páginas!!!.
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