
Quando li o romance do autor alemão BERNHARD SCHLINK (Folio/Gallimard) pensei, de imediato, que adaptado para o cinema daria um bom filme. No entanto, não o imaginei caindo nas mãos de um diretor americano. Eis que acabo de tomar conhecimento de que o filme já está para ser lançado. E que teria a Nicole Kidman no papel principal, não fosse a sua anunciada gravidez.
Trata-se da estória de um menino de 15 anos que conhece, por acaso, na volta da escola, uma mulher de 35 anos de quem se torna amante. Durante muitos meses ele retorna a casa dela todos os dias e um dos seus rituais consiste em ler para ela. Esta mulher, misteriosa e imprevisível, desaparece do dia para a noite. Sete anos mais tarde, como estudante de direito, assistindo ao julgamento de um grupo de mulheres acusadas de crimes praticados quando eram guardas de um campo de concentração, ele a reconhece entre as rés. Estas a pressionam e ela, mal defendida, é condenada a prisão perpétua... Como se vê, não é a simples estória de um crime, tão ao gosto do cinema americano.
O autor lida com a história alemã recente. E, segundo ele próprio declarou em entrevista: “ ...você não consegue se lembrar de coisas que realmente desempenharam um papel importante na sua vida sem contemplação e reflexão.... não há tal coisa como pura memória”.
De fato, a narração se dá num clima contemplativo e introspectivo. São difíceis as questões morais e éticas levantadas. E essa abordagem de seu passado, como sabemos, ainda é um tema crucial para os alemães.
Existem centenas de livros sobre o Holocausto em si, mas O LEITOR é um dos primeiros livros, penso eu, que aborda a forma como a geração que veio após, lida com aquilo que a geração anterior fez.
É certo existirem novas preocupações e novos interesses na Alemanha atual, moderna e reunificada, mas as questões ligadas ao seu passado ainda estão vivas e são delicadas . Talvez não seja pelas mãos de um diretor americano a melhor forma de levá-las ao cinema. Vamos aguardar,,,
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