fevereiro 08, 2008

ALHAMBRA




Faz dois anos que visitei Granada. Tudo se passou assim: dejas que las cosas te vengam como te vienen. A idéia de ir à Andaluzia surgiu em BCN, onde já me encontrava num desvio de rota (estava em Aix-en-Provence, retornaria via Paris). Fui à BCN atraída por comentários de amigos, especialmente de um "amigo" de quem, até então, conhecia apenas as poesias. A viagem teve o sabor especial do não programado, do não previsto para acontecer, que nos permite suspresas ao dobrar de uma esquina...e tantas outras cositas do meu agrado.
Fui com um amigo, do amigo, do amigo (a quem tinha sido apresentada na noite anterior). Ele, como eu, embarcara na idéia de visitar Alhambra. Conversando no percurso BCN/Sevilha/Granada (avião/trem/avião), nos demos conta de que nenhum de nós sabia onde encontrar las taquillas.
Decidimos começar nossas tentativas em Sevilha...
Oh gran Sevilla!, Roma triunfante en ánimo y nobleza, disse dela o grande Cervantes. Uma cidade que era conhecida como "a esquina do mundo"! Somente depois de conhecê-la soube o que levava a esta afirmação:
"Situada no sul da Espanha, fica, metaforicamente, assim como que na cabeceira de um escorregador natural. Partindo dela, descendo o Guadalquivir, o navegante, entrando no Atlântico, embicava o seu barco na corrente das Canárias e, alguns dias depois, sempre na direção do Ocidente, aproveitando-se dos ventos alísios, trafegava na corrente equatorial do norte, chegando nas águas americanas pela corrente das Caraíbas. Logo alcançava os portos de Cartagena, Porto Belo, Guadalupe, Dominica, Barbados, Martinica, Trinidad, Porto Rico, Vera Cruz, e tantos outros mais. Sevilha, então, posava como uma abelha rainha, recolhendo os doces favos da América que as naus operárias não paravam de trazer-lhe de todos os cantos"


Cidade favorita do poeta João Cabral que sobre ela escreveu:
"Tenho Sevilha em minha cama
eis que Sevilha se faz carne,
eis-me habitando Sevilha
como é impossível de habitar-se
"
Lições de Sevilha, 1990

Depois de uma tarde de visitas ao Real Alcazar e andanças pelo antigo bairro judeu, onde almoçamos, seguimos de trem para Granada.



Conseguimos, no primeiro dia, ter acesso apenas aos jardins e a informação de que, se chegássemos muito temprano no dia seguinte seria possível a visita.




De lá, no cair da tarde, subimos ao Mirador San Vito de onde tivemos a visão de Alhambra, num por de sol, ao som de guitarras e castanholas.
Um espetáculo inesquecível!!!

Descemos quando já escurecia, pelas ruelas típicas, onde pelas residências, comércios e inúmeras téterias se observa o quanto o espírito andaluz segue inalterado desde tempos remotos.




Perdidos no tempo, envolvidos naquela atmosfera vivamente moura, numa das inúmeras téterias, a noite já ia longe, quando nos demos conta de que ainda não sabíamos onde dormir e nos lembramos que nossas mochilas continuavam(?) na estação...Duas argentinas com quem conversamos nos falaram que haviam feito reservas de hotel com meses de antecedência. Anunciaram que iríamos enfrentar dificuldades. Não deu pânico. Afinal,os bancos da estação estariam lá...:):)!
Tratamos de começar a descer procurando vaga em cada hostal. Em todas as portas se lia "completo". Afinal estávamos numa sexta feira! Chegando na Gran Via (toda em obras), encontramos num hotel simpático, uma habitación confortável.
Fomos resgatar as mochilas e voltamos para um sono reparador . O dia seguinte seria decisicivo.
Era outono, deixamos o hotel quando ainda não tinha, de todo, amanhecido.
Destino : Alhambra.
Fazia um pouco de frio e nos revezamos na fila, enquanto o outro se esquentava com um café comprado num quiosque próximo.
Valeu o esforço. Conseguimos bilhetes para aquele mesmo dia e estávamos dentre os primeiros que teriam acesso aquela que, sem dúvida, é uma das maravilhas do mundo!
À guisa de informação, as entradas são vendidas com meses de antecedência, nas agências do Banco Bilbao Viscaya espalhadas pelo mundo.










Retornamos, extasiados, para Sevilha de onde à noite partia nosso vôo para BCN. Sob um sol e uma luminosidade acachapante (mesmo para uma cearense), visitamos a grandiosa Praça Espanha (comemos tâmaras) e o Palácio onde acontecia o Festival de Cinema de Sevilha (sem o glamour que imaginava em eventos desta natureza)





BCN, diferentemente da maioria das cidades européias, mesmo depois da meia noite é ainda pulsante.Minha excitação era tanta que não conseguiria dormir.Assim, não voltei direto para a Bonic. Fui para um bar de tapas com a cabeça tão acelerada que foi a única vez que resolvi um Sudoku "diabólico".
O cavalo do Botero, no saguão do aeroporto de BCN. Gosto muito!

2 comentários:

Anônimo disse...

Finalmente achei a materia de Allambra...ficou maravilhosa... tinha esquecido certos detalhes da viagem... parece que voltei para la....fotos lindas parabens de novo !!!!..

Anônimo disse...

Lindinho,as fotos que vc achou lindas são suas. Pode reclamar os "créditos"... E o italianinho da teteria? tive que cortar....bjos